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Nomad: A Conta Internacional em Dólar é Realmente Segura Contra Medidas Extremas no Brasil?

A conta internacional da Nomad é segura em caso de crise no Brasil? Veja como funciona, onde o dinheiro fica, e se o governo pode ou não confiscar seus dólares.

6/2/20254 min ler

nomad compra de dólar
nomad compra de dólar

Em tempos de instabilidade econômica e política, muitos brasileiros têm buscado alternativas para proteger seu patrimônio e garantir maior segurança financeira. Entre as opções disponíveis no mercado, a conta internacional da Nomad tem ganhado destaque, oferecendo uma forma prática e acessível de manter recursos em dólares fora do Brasil. Mas será que essa conta é realmente segura em casos extremos, como um confisco de valores pelo governo brasileiro, semelhante ao que ocorreu em 1990?

Neste artigo, vamos entender como funciona a conta da Nomad, onde ela está sediada, quais são os riscos e proteções envolvidos, e se ela pode ser, de fato, uma válvula de escape em tempos turbulentos.

O que é a Conta Internacional da Nomad?

A Nomad é uma fintech brasileira que oferece uma conta digital internacional em dólar, sediada nos Estados Unidos. Ao abrir uma conta pela Nomad, o usuário obtém uma conta-corrente americana em seu nome, criada em parceria com o Evolve Bank & Trust, um banco norte-americano regulado pelas leis dos EUA e membro do FDIC (Federal Deposit Insurance Corporation) – o que garante a proteção dos depósitos em até US$ 250 mil por cliente, no caso de falência da instituição.

Com a Nomad, é possível:

  • Manter saldo em dólar;

  • Realizar transferências internacionais (remessas);

  • Investir em ativos no mercado americano (ações, ETFs, etc.);

  • Usar um cartão de débito internacional para compras e saques no exterior;

  • Fazer câmbio diretamente pelo app, com cotação competitiva.

A Conta Está Fora do Brasil?

Sim. Embora a empresa seja brasileira, a conta aberta é, de fato, uma conta sediada nos Estados Unidos. Os fundos depositados na conta não ficam no Brasil e não são intermediados por bancos brasileiros tradicionais. No entanto, a Nomad atua como correspondente cambial do Banco Ourinvest, o que significa que a operação de câmbio (real para dólar e vice-versa) é realizada dentro das regras do Banco Central do Brasil.

Importante: a conta está sujeita à regulação americana no que diz respeito ao funcionamento do banco (EUA), mas também precisa seguir regras brasileiras de reporte fiscal, como a obrigatoriedade do envio de informações à Receita Federal por parte dos titulares (ex: via Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior - CBE, dependendo do valor mantido).

O Dinheiro Pode Ser Confiscado pelo Governo Brasileiro?

Essa é uma das principais dúvidas de quem busca uma conta internacional: “Se o Brasil passar por uma nova crise, como no caso do confisco da poupança em 1990, meu dinheiro na Nomad corre risco?”

A resposta mais direta é: teoricamente, não.

Isso porque o confisco da poupança e outras medidas semelhantes aplicadas por governos brasileiros historicamente só afetaram instituições financeiras sediadas no Brasil, sob jurisdição direta do governo brasileiro. Contas bancárias em outros países, como nos Estados Unidos, não são alvo direto dessas medidas.

Porém, é necessário considerar algumas variáveis:

  • A Nomad é uma fintech brasileira: embora a conta seja nos EUA, a empresa está registrada e opera no Brasil, então pode ser afetada por determinações legais locais que envolvam restrições operacionais, como a proibição de envio de recursos ao exterior ou bloqueios temporários em transferências.

  • Controles de capital: em cenários extremos, o governo brasileiro poderia implantar restrições à saída de capital, dificultando ou limitando remessas de real para o exterior – ou seja, você poderia ter dificuldades para enviar reais para sua conta Nomad, mas o dinheiro que já estiver lá em dólar, nos EUA, permanece protegido.

  • Obrigações fiscais: manter dinheiro no exterior exige estar em dia com suas declarações. Em caso de descumprimento, a Receita pode aplicar penalidades, mas isso não significa que o governo brasileiro poderia acessar ou confiscar diretamente valores mantidos fora do país.

Por Que as Pessoas Usam a Nomad?

A busca por proteção de patrimônio e a diversificação de moeda são os principais motivadores. Ao manter parte dos recursos em dólar, o usuário se protege contra:

  • Desvalorização do real;

  • Inflação local;

  • Instabilidades políticas e econômicas;

  • Risco de medidas autoritárias como congelamentos ou confiscos.

Além disso, a conta Nomad oferece praticidade e baixas tarifas para quem viaja ao exterior ou realiza compras em sites internacionais.

Cuidados Importantes

Apesar das vantagens, é fundamental ter atenção aos seguintes pontos:

  1. Declaração à Receita Federal – valores superiores a US$ 1.000 (em 31 de dezembro) devem ser informados no Imposto de Renda; acima de US$ 100 mil, é obrigatória a CBE ao Banco Central.

  2. Conversão cambial com IOF – ao enviar dinheiro para a conta Nomad, incide o IOF de 1,1% sobre o câmbio.

  3. Limites operacionais – apesar de estar sediada nos EUA, a conta é de natureza digital, com algumas limitações em comparação com bancos tradicionais.

A Conta da Nomad é Uma Boa Proteção?

Sim, a conta da Nomad representa uma alternativa segura e acessível para diversificação financeira internacional. O fato de os fundos estarem em uma conta nos EUA, com proteção do FDIC, oferece uma camada de segurança que não existe em contas bancárias brasileiras.

Embora nenhum sistema seja absolutamente à prova de riscos, o cenário mais provável é que, em caso de medidas autoritárias no Brasil, as contas internacionais estejam entre os últimos ativos a serem impactados. Portanto, manter parte do seu patrimônio em dólar, em uma conta como a da Nomad, pode sim ser uma boa estratégia de proteção e estabilidade financeira.